Um episódio hoje (03) envolvendo o prefeito de Ilhota, Dida, gerou polêmica entre os moradores e servidores públicos da cidade. Segundo relato de testemunhas o prefeito Dida se envolveu em um acalorado bate-boca com uma servidora pública de saúde em uma padaria no centro da cidade, evento que foi presenciado por por um candidato e por um vereador locais.
A confusão teria começado quando a servidora, lotada no posto de saúde central, se dirigiu à padaria Simon após o expediente. Segundo relatos, ao cruzar com o candidato Luiz Gustavo e outro vereador conhecido como “Boga”, a servidora notou que o prefeito Dida também estava presente e foi confrontada por ele.
A servidora, narrou o incidente em detalhes. “Eu estava na padaria, comprando um bolo, quando o prefeito me abordou de forma agressiva, questionando por que eu não o havia cumprimentado”, relatou. “Ele me ofendeu, dizendo que eu não tinha educação e que não merecia respeito, por estar em uma posição subordinada.”
O conflito esquentou quando a servidora tentou explicar que estava apenas seguindo suas obrigações profissionais e que o prefeito estava desinformado sobre os direitos trabalhistas dos servidores da saúde. “Eu expliquei que a lei autoriza o pagamento de insalubridade para profissionais de saúde, mas ele insistiu em me desrespeitar e se exaltar”, afirmou.
Testemunhas que estavam na padaria confirmaram a versão da servidora, acrescentando que o prefeito Dida também fez comentários depreciativos sobre as condições de trabalho dos servidores de saúde, afirmando que eles “não têm direito a nada” e que ele não pagaria por insalubridade ou outros benefícios.
O caso gerou grande repercussão, com diversos servidores se manifestando em solidariedade à colega. Um boletim de ocorrência foi registrado contra o prefeito, e há movimentações para que o Ministério Público seja acionado para investigar o comportamento do Prefeito Dida.
A situação reflete a crescente insatisfação dos servidores públicos de Ilhota com a administração municipal, especialmente no que diz respeito às condições de trabalho e à falta de diálogo com a categoria. “Estamos trabalhando em condições extremamente difíceis, sem materiais adequados e com excesso de pacientes. Esse tipo de comportamento do prefeito só agrava a nossa situação”, desabafou a servidora.
OS FATOS
Em entrevista por telefone conversamos com a servidora que nos relatou o ocorrido:
J.C.V: Ana Paula, como começou essa desavença entre você e o prefeito?
Ana Paula: Tudo começou quando eu estava no posto de saúde central, onde sou lotada, e fui até a Padaria Simon, que fica ao lado da prefeitura. Ao chegar lá, vi o vereador Boga e o Luiz Gustavo, que é candidato. Não percebi imediatamente que o prefeito também estava lá, de costas para mim. Cumprimentei todos com um “boa tarde”, comprei o que precisava, e, na saída, o prefeito me abordou. Ele mencionou que eu não o havia cumprimentado, mesmo sendo meu chefe.
J.C.V: E como você reagiu a isso?
Ana Paula: Pedi desculpas, explicando que realmente não o havia visto. Luiz Gustavo, que estava presente, tentou intervir e argumentou que eu havia, sim, cumprimentado, mas que o prefeito estava de costas e não notou. Apesar da tentativa do Luiz de acalmar os ânimos, o prefeito insistiu que eu não o cumprimentava há tempos e que isso era um sinal de insubordinação. Ele chegou a me chamar de autoritária, afirmando que eu não abaixava a cabeça para ele.
J.C.V.: O que aconteceu a partir daí?
Ana Paula: O prefeito começou a criticar nossa categoria, dizendo que ele não paga a insalubridade porque isso é uma discussão nossa. Eu expliquei que essa é uma questão legal e que existe uma Emenda Constitucional (120 de 2022) que garante o direito à insalubridade para os agentes de saúde, cabendo ao município determinar a porcentagem com base em laudo. Mesmo assim, ele continuou a nos desrespeitar, dizendo que nossa categoria era “um lixo” e que “não servimos para nada”.
J.C.V.: Como você respondeu a esses ataques?
Ana Paula: Eu me exaltei e defendi a importância do nosso trabalho, explicando que os cadastros que fazemos trazem recursos para o município através do Ministério da Saúde. O prefeito desdenhou, dizendo que eu não sou enfermeira, nem médica, e que, por isso, “não sirvo para nada”. Ele também ameaçou implantar tablets com chips para rastrear onde estamos, nos chamando de mentirosos.
J.C.V.: E qual foi a postura dos estavam presentes?
Ana Paula: Luiz Gustavo, que tentou intervir e argumentar em minha defesa, não conseguiu acalmar a situação, e o vereador Boga permaneceu calado durante toda a discussão. Eu ainda tentei explicar que em outras regiões, como Brusque e Gaspar, o pagamento da insalubridade é feito corretamente, mas o prefeito não quis ouvir. Ele ainda afirmou que só pagaria a insalubridade por ordem do Ministério Público.
J.C.V.: Essa situação parece ter sido muito difícil. Como está o ambiente de trabalho atualmente?
Ana Paula: Está insustentável. Nós não temos internet na nossa sala, falta material adequado, e nossos profissionais estão sobrecarregados. Isso tudo está criando uma relação extremamente conflituosa entre a prefeitura e os agentes de saúde. É triste ver que chegamos a esse ponto.
Até o fechamento desta matéria, não conseguimos contato com o Prefeito Dida, e a Prefeitura de Ilhota não emitiu nenhuma nota oficial sobre o ocorrido.
A servidora envolvida registrou um boletim de ocorrência e aguarda por justiça.
Meu Deus que vergonha tudo isso é falta de diálogo!!